quarta-feira, 17 de junho de 2015

Porquê que apareces-te?

Dir-te-ia que não esperava que aparecesses. Não nesta altura, não neste momento, não neste estado físico. Não esperava que ninguém aparecesse. Mas… Apareces-te. Vieste e desde logo uma parte de ti ficou. Não sei se muita ou pouca, mas pelo menos uma parte de ti, pousou no meu pensamento. Chegas-te tal qual, com esse teu sorriso doce, com esse jeitinho meigo. Chegas-te e tentas-te colocar logo aquela pressão. Não paras-te! Continuas-te. Com “urgência” nos fomos conhecendo. Puxaste-me para ti. Envolveste-me quotidianamente e controladamente na tua vida. Falamos e falamos. Andamos e andamos. Rimos. Gargalhamos. Olhamos. E tudo com a simplicidade de um conhecimento ingénuo. Nada era ou estava a ser programado, nada nos diria que nos parecíamos em muito e nos afastávamos em quase nada. Podíamos fazer de conta que nada se passava, seria até o mais simples. O mais básico. O mais consensual. Contudo, falo por mim, não gosto de coisas demasiadamente simples, ou básicas ou consensuais. Gosto do rebuliço, da agitação, do que se torna pouco simples, gosto de estar sempre a lutar por algo, por alguém. Assim consigo sentir a urgência, de te conhecer, de te falar, de te olhar, de te ver. Dos minutos a passar e das palavras ditas de maneira fluida e cúmplice. Muitas vezes sem a necessidade de verbalizar, de recorrer a recursos estilísticos, a reticências e a pontos de exclamação. Podíamos fazer de conta que o dia era só nosso — ontem, hoje e amanhã, e mantermo-nos assim, tal qual, não achas? Adoro os nossos momentos. O não te ver, é como ir passando os dias. É encobrir saudades numa vida quotidiana de trabalho e de efémeros momentos de felicidade. É esquecer-me de mim e lembrar-me de ti. É a dúvida de como te sentes. De como estás. Do que queres. Do que pensas. Do que és. O não te ver, é o não estar em mim.

Confesso sinto falta de ti, não te sei quantificar mas sinto. Assim como eu te conheço. Sem artifícios ou melhoramentos. Podes vir da mesma forma, como da primeira vez. Podes vir assim, tal qual como estás. Se aqui estivesses apetecia-me um olhar calado: um olhar que diz mil palavras, tornando o silêncio ensurdecedor. Se aqui estivesses queria o abraço: aquele abraço em que o corpo do outro passa a fazer parte do nosso. Se aqui estivesses queria as conversas de fim de dia. Queria o sorriso de todos os dias. Queria tudo isto. E mais um pouco. Questiono-me então: porquê que apareces-te? Assim, sem bater a porta? Sem dizer “posso entrar?”… Só me assalta uma resposta: para me fazer sorrir…

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