terça-feira, 16 de junho de 2015

Lembro-me

Lembro-me da primeira vez que te vi. Andávamos os dois por aí. Descomprometidos com a vida. Desagarrados de tudo. Não tínhamos sequer disponibilidade para gostar de alguém neste momento. Andamos despreocupados com o sexo oposto. Quando tivesse de acontecer, acontecia. Era assim. Tudo parecia tão simples. Adoramos conhecer pessoas novas. Umas mais interessantes que outras. Umas mais bonitas que outras. Outras com particularidades. Outras com defeitos. Umas com virtudes, outras com características que não gostamos. A vida é assim… traz-nos de tudo! Mas… lembro-me perfeitamente do dia em que te conheci! Que quererá dizer isto? Faço-me de parvo e nego talvez, aquilo que me despertas-te no primeiro olhar… Beleza e meiguice! Exato é isso… Se pedisses que te definisse naquele momento, dir-te-ia essas duas palavras.
Chamaste-me a atenção. Tudo era tão simples. Ficou tudo meio complicado. Não te nego, sou franco, a primeira coisa que surge é o interesse, a vontade de saber quem é aquela pessoa. Queria perceber e desvendar o que de repente surgiu em mim… Estava a ser tão esquisito. Continua a sê-lo.
Recordo a nossa primeira conversa. A minha primeira abordagem. Bem chamar-lhe abordagem por ventura não é a melhor palavra. Foi algo inocente. Algo despreocupado. Nada com interesse a não ser aquele. Contudo sou sincero, sairia a correr caso pudesse saber o que aconteceria depois. Sou um romântico incurável, gosto de gostar de alguém, não por necessidade, mas pela beleza do sentimento. Gosto de gostar de alguém, de ter interesse por alguém. Alguém assim como tu. Tal e qual. Tão bonito sentir-se assim uma atração física por alguém. Tão bonito alguém nos despertar interesse, em mil e uma horas de diálogo, de risos, de gargalhadas, de histórias do passado, do presente, e de projetos para o futuro. Tão bonito, sentir que alguém nos desperta, o instinto de querer dar um carinho bom, de lhe sorrir com o olhar, de lhe acariciar a face, de estar ali, apenas ali, horas e horas. Faz-nos sentir vivos. Faz-me sentir vivo.
Contudo, não gosto de me entregar assim. Ganhei os meus próprios mecanismos de defesa. As histórias passadas, fazem-nos ser assim. Não nos moldam, mas deixam-nos mais a alerta. Mas, se me entrego, faço-o de corpo e alma. Com o corpo, que se entrega aos prazeres do outro, que se deseja, do qual sente prazer, e com a alma que ama a aquela que reside na tua pessoa. Sou assim quando gosto, gosto com tudo. Não há meio-termo.
Costumo dizer, que caso já soubéssemos o que nos acontecia, a vida não tinha graça. Por vezes, é no meio do nada, no meio de duas ou três coincidências, que as coisas mais naturais vão acontecendo. E é com essas “coisas naturais” que os mecanismos de defesa, se vão derrotando. Por vezes, são nas mais inesperadas surpresas, que surgem as mais bonitas relações interpessoais. Quaisquer que elas sejam. Amizade, namoro, casamento. Qualquer uma destas. Aconteceram algumas entre nós. Essas surpresas, toques, olhares, sorrisos, diálogos. Que nos fazem palmilhar caminhos, com pequeninos passos.
São com os passos mal calculados nesse caminho e principalmente com aqueles que são bem firmes, que os alicerces se vão criando. Tudo se constrói aos pouquinhos. Desde o momento que te conheci, sinto que já dei passos mal calculados, mas sinto igualmente que alguns foram firmes. Sinto que existe cumplicidade, mesmo com a distância que nos separa. Com tudo que nos separa. Sou-te sincero, sinto algo bom. Não sei o que é, mas quero muito perceber o que poderá ser. Por tudo e também por aqueles nadas inexplicáveis, quero que te mantenhas na minha vida, de qualquer forma, da forma que o tempo definir.
Lembro-me da primeira vez que te vi, mas seria impossível dizer quantas vezes mais me perdi a olhar para ti depois disso. Ainda assim, lembro-me de tudo o que já senti e aquilo que gostava de definir neste momento. E então sabes o que acontece? Apanho-me sozinho, aqui, a imaginar como será a próxima vez que nos virmos, relembrando a anterior. Imagino a próxima vez, com a certeza que serei invadido por uma imagem do teu sorriso. Tão natural. Que te molda a face, num lindo rosto. Lembro-me desse sorriso que me fará companhia de todos as vezes que eu fechar os olhos, perguntando-me se estarás nesse momento também a pensar em mim… Por neste momento, todas estas palavras estão a pensar em ti.

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