quinta-feira, 25 de junho de 2015

Nada para o tempo

Nada para o tempo… Tudo é ditado pelo tic-tac dos ponteiros, num looping constante das horas a passar nos diversos relógios da tua vida. O tempo é efémero! Muitas vezes já certamente te deparas-te, com múltiplas situações em que querias pará-lo, fazê-lo andar para trás, outras em que davas tudo para empurrar os ponteiros dos minutos ou das horas, melhor ainda. Parar o dos segundos. Tudo por vezes acontece em segundos…

O tempo torna tudo num leve destino. Sim leve, como os segundos, estás a ver? Não gosto de coisas demasiado pesadas, tona-as complexas não achas? Gosto mais de tudo levemente ditado. Tornando esse tal destino, num leve encadear de simples momentos. O encadeamento que nos leva aos locais certos e as pessoas certas. É por este encadeamento de simples momentos, proporcionados pelo tempo e que nos levam as locais certos e as pessoas, que muitas vezes decidimos recomeçar. Tudo de novo. Deitamos fora o que não valeu a pena. Removemos tudo que não foi bom. E com o que sobrou reconstruímos. Abrimos brechas. Abrimos sorrisos.

Deixámos que pessoas novas entrem no “nosso mundo”. Deixamos que o encadeamento de simples momentos, nos selecionem as pessoas certas. Os locais certos. Até que por fim, depois de todos esses encadeamentos, ficas apenas com a pessoa certa. No local certo.

Precisamos muitas vezes de recomeçar. De construir novas paredes, em lugares onde os erros plantaram buracos. São essas paredes, que de uma forma simples (adoro o significado desta palavra, pela forma como ela transmite naturalidade), permitem que, só quem tenha a coragem de as escalar, entre na nossa vida. Num dia. Num momento. Não apenas para deixar rastro, mas para marcar num registo de relação interpessoal (numa qualquer forma que esta possa seguir). A sua presença.

Foi esta presença, que decidiste marcar. Tanto andas-te por cá, que agora permaneces. Quase de forma impercetível (pois não te deves ter dado conta mesmo) escalas-te aquela parede que vinha formando. À medida que ia colocando um bloco, tu parecias que subias dois. Nem te deste conta pois não? Claro que não. Nem hoje mesmo, suponho que te dês conta, que por aqui andas. Não fisicamente. Não por palavras. Não por risos. Mas por pensamentos. Esses mesmos que me ecoam, num qualquer instante aleatório do dia.

Estás aí, continuas igual. Bonita, olho arregalado, elegante, mulher decidida, despreocupada, amiga, meiga. Continuas igual. Desde aquele momento em que nos conhecemos. Aleatoriamente escolhidos. Num acaso, cruzamos as nossas vidas. Naquele mesmo espaço e rodeados por essas mesmas pessoas, lembras-te? Nada acontece por acontecer. E talvez sem querer, ao apareceres percebi que estaria pronto. Pronto para te deixar subir a parede que fui construindo. Por isso hoje chamo-te em silêncio, tentando perceber se ele se torna ensurdecedor ao teu ouvido. Hoje chamo-te aqui no meu pensamento, tentando perceber se ao mesmo tempo o ouves no teu. Se aí estou. Mesmo que esporadicamente. Mesmo que por um segundo. Um minuto. Um dia…

Nessas alturas gostava de aí estar, mas nada para o tempo…

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