sábado, 23 de julho de 2016

Sintonias

Corpos que se desejam na inocência de um café. Noites quentes. Um café composto por um ambiente onde as sombras prevalecem. A paisagem torna-se escura, repleta de imensa luz, dando ao espaço um certo ambiente intimo. Sentados frente a frente a partilhar vidas, histórias e sorrisos espontâneos, vamos olhando um para outro. A sintonia no olhar torna-se um padrão para os pensamentos que vão fluindo. Naquele momento a minha vida assumiu a rebeldia do desejo que me provocavas. Pedimos um copo de um néctar que achámos agradável na carta de vinhos. Um brinde a nós e aos prazeres da vida. Contudo, no cantinho daquele espaço e na inocência dos diálogos que se proporcionavam, a minha mente agitava-se comandada pela vontade de ti. Olhava-te e de nada o desejo aumentava de forma exponencial. Começou por ser uma curva ténue no início, passando quase a uma reta ao longo do momento. Conversas interessantes e conhecimentos mútuos. Adorava a nossa conversa. Sempre me pareceste interessante. Desde o primeiro dia. Não é preciso dizer-te qual, tu certamente que o sabes. Gostava do que ouvia. E sentia. Mas… O meu pensamento sossegado naquele café, ganhou vida dentro da minha cabeça, lá, livrei-me das roupas que trazia, peguei em ti e despi-te e descobri a suavidade e textura da tua pele. Desconcentrei-me completamente com o simples movimento dos teus lábios. A tua boca. Dialogava e em todas as palavras ouvia a chamar-me. Provocaste-me.
Na minha mente aproximei-me e peguei em ti e atirando-me para o teu beijo, na realidade, troquei de lugar e sentei-me ao teu lado. Neste momento suspirei-te os meus desejos e histórias no teu ouvido. Notei de forma intensa o teu perfume e o teu cheiro de mulher segura de si. Intensa, desapegada e exigente. Junto com o calor que emitias. O pânico. Engoli em seco e respirei pausadamente. Foi nesse instante que reparei no teu rosto. Estava marcado pelo desejo e a tentação de me levar por um caminho que naquela noite só teria uma direção... Foi nesse instante que percebemos, que os nossos corpos se desejavam e as nossas mentes se encontravam em sintonia. Ambas pensavam o mesmo e davam ordens para que o corpo de cada um, satisfizesse tais tentações, usando o do outro até que as energias nos faltassem.
Nesse instante percebemos igualmente que quando os nossos corpos dessem azo as ordens das nossas mentes, não haviam retas nem curvas, apenas caminho para percorrer sem travagens ou viragens.