quarta-feira, 1 de março de 2017

Nem queriam acreditar

Não queriam acreditar…. Não após este tempo! Tinha passado o tempo ideal. Para que agora, o destino não os fizesse ter de se ver tão cedo. Ausentaram-se deles. Da vida conjunta de momentos intensos e regados com instintos carnais, que aconteciam entre eles. Mas… a vida sempre lhes ensinou, que o destino manda mais do que um simples “passar para o lado de lá da rua”.
Olharam-se e bastou um fração de segundos, para recordarem em flashback instantâneo, tudo pelo que passaram e tudo aquilo que ficou por se passar entre eles. Sentiam-se observados. Ela cravou o olhar nele. Ele não o tirou de cima dela. Não sabiam o que fazer. Recordaram naquele cumprimento meio atarantado, todos os odores, suores, sorrisos, gemidos, diálogos, ambientes intimistas e intensos porque passaram.
As suas almas ficaram sujas e promiscuas, naquele talvez minuto e meio, em que não sabiam bem o que dizer. “O cheiro dela é igual” – pensou ele. “Continua com aquela cara de menino safado, como da última vez” – observou ela. Não faziam ideia, daquilo que ia na cabeça um do outro, mas sabiam o que os seus corpos queriam naquele momento. Foderem-se um ao outro. O espirito deles tornou-se rebelde, pesado e os seus olhares intensos, não mascaravam isso. A cada passo que davam, ao lado um do outro, em ameno diálogo, naquela rua fria de mais um encontro aleatória, fazia ceder a barreira que esta distância quis construir entre eles.
“Tu brincas com o fogo” – dizia ele em voz baixa para ela. “Faz-me arder em ti” – murmurava o pensamento dela. Aquela forma arrisca e desconcertante dela ser, faziam-no perder-se completamente naquele local, que para ele lhe era bem familiar. Até que, no primeiro momento em que a guardar de cada um baixou, ambos sabiam que já há muito se tinham seduzido e que portanto, estavam a perder segundos que seriam preciosos. Contudo, ambos sabiam, que ali naquele local, a noite não passaria de um mero reencontro. Um daqueles que o destino decide colocar no caminho, quando menos se espera.
Ele hipnotizado pelo seu perfume. Ela derretida com a “meninice” dele, riam e pensavam que entre quatro paredes, em sossego e a meia luz, os seus corpos estariam naquele momento a colarem-se e que o silêncio seria interrompido. Por gemidos e palavras menos próprias. Ambos sabiam, que numa sala em que, dois copos de vinho seriam o aperitivo da noite, o prato principal seria para cada um deles, o corpo do outro. Sabiam e não escondiam. Sabiam que ele a agarraria pelas pernas e a prenderia entre ele e uma parede à medida que se beijariam e se despiriam. Sabiam que ela não aguentaria muito tempo até lhe poder tocar naquilo que mais desejava naquele momento. Haveria para sobremesa, naquele jantar corporal, os orgasmos todos que quisessem e as posições todas que imaginassem. Sabiam que ele com movimentos mais lentos ou mais rápidos, com língua ou com o seu sexo, a fariam vir-se tantas vezes quantas as que ele se sentisse na tentação de lhe proporcionar, e que ela tanto desejava. Sabiam que ela, com os seus dotes de mulher intensa e ardente, o faria levar ao ponto maior de tesão que so ela pensava conseguir.
E assim, naqueles minutos que pareceram horas, ela e ela despediram-se com a certeza que não tinham pressa de chegarem ao fim daquela história de puro desejo. Sabiam que a partir daquele momento, a história sofreria cenários de próximos capítulos e que a pressa que ali queriam ter, iria tornar o próximo enredo ainda mais desejável… E no seguinte, num momento pós-almoço de descompressão, cada um na sua casa, sabiam que estariam a pensar exatamente o mesmo: “Dá para voltar a acontecer?...”

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