quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Momento de saudade

E é no silêncio que ele hoje se encontra. O barulho e a azáfama do dia, foi deixada do lado de lá da porta. A noite cai. Calma. A vida escorrega-lhe das mãos, à medida que os ponteiros do relógio, avança em movimento frenéticos, contando os segundos de um dia atarefado. Ele rodeado, pelo silencio das paredes escuras do seu quarto, vai aproveitando cada um desses segundos, para colocar em palavras mudas, os pensamentos que lhe vão surgindo. Neste momento, o seu mundo vai-se emudecendo em saudades, que lhe agitam as vontades. Os pensamentos, encontram-se envolvidos por uma alma, que outrora feliz e agitada, se encontra triste e inquieta. Ao longe, pensa ouvir murmúrios. Mais alguém que vai descendo a rua, que todos os dias ele palmilha.
Volta às vontades, que no desvaneio da sua lucidez solitária, lhe faz lembrar de todos os momentos bons da sua vida. Vai ao passado. Onde outrora a vida o fez feliz. Oh aquele aqueles momentos. Ele adora-os. Entre eles, vai pensando num em particular.
Esse que um dia, nas incertezas constantes de uma vivência despreocupada, o fez parar. Parou porque sim. Não quis mais andar ou provocar. Sabia que aquele momento o iria fazer feliz. Algo que ele sentia que merecia.
Costuma-se dizer que há gente que não é como toda a gente. Ele é um caso dessa gente. Ele é gente que sente, que ama, que se completa na alma da gente. E esse tipo de gente, sente saudade de gente. Ele sente saudade desse momento em especial.
São as saudades que o fazem sentir assim. Sentido. Sentido com o que a vida lhe faz carregar, no presente, Por ele daria cem mil passos, para matar a saudade desse momento. Essa saudade que tanto o aperta. Deita-se. Olha para o teto escuro. O seu pensamento faz-lhe ir adormecendo, na calmaria da noite e na saudade do momento. Esse momento, faz-lhe sentir algo. Um sentimento. Esse sentimento que o faz sentir essa saudade. De que muitos falam e que ele vive. O seu coração tenta-se manter quente, no gelo do seu quarto. A saudade aperta-o. Na sua face, as cicatrizes de um semblante triste, vai-se desvanecendo e o seu corpo vai relaxando. Sente o cansaço do dia a abater-se sobre os seus membros. Os seus olhos, vão-se tornando cada vez mais pequenos. E é na esperança que essa saudade se desvaneça, que ele adormece a fim de se preparar para mais um dia de um calendário.
E é nesse momento, naquele último momento lúcido do dia, que a sua boca dá voz aquele sentimento, que o aperta, que lhe provoca as saudades e num murmúrio audível, apenas diz:
- Amo-te.

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