sábado, 28 de novembro de 2015

Destinos cruzados


Nunca pensei em ficar assim, tonto, com aquele sorriso imenso e vago no seu rosto.
Quando os meus olhos, naquele mesmo instante momentâneo e efémero, se cruzaram com os teus e os teus com os meus, o som estridente da azáfama quotidiana calou-se. Entre nós, ficaram apenas o silêncio tímido dos nossos sorrisos, expressando todas as as palavras doces, ditas em silêncio, que partilhámos apenas com o tal primeiro olhar.
Foi exactamente assim e exactamente ali: quando os meus olhos caíram nos teus e os teus nos meus, tu ali e eu além, demos nesse preciso momento, o primeiro e o maior abraço de todos: aquele que é oferecido com silêncio do brilho dos nossos olhos; aquele que não necessita de avanços nem recuos de um ou de outro; aqueles que nos agarra um ao outro, sem querer, sem sequer nos tocar, aquele que não precisa sequer de braços, mas que apesar disso, se agarra a nós e nos aperta com tamanha força, que poucos se atrevem a separar.
Naquele momento que é, e foi, só nosso, onde nos deixámos ficar, demoradamente, o teu olhar veio ter com o meu em momentos seguintes e o meu “abraçou-se” ao teu, em uniões mais ou menos extensas, provocadas por pestanejar de olhos, sem sequer nos lembrarmos que de facto, para darmos mesmo um abraço, seria preciso que ambos se movessem no chão e se aproximassem um do outro, afastando-nos do passados que ambos vivemos.
Mas apesar desse tal passado, no meio desse primeiro olhar, um sorriso formou-se em ambos os lábios, tornando esse momento o primeiro de muitos…
E foi assim que percebemos que somos tão mais do que apenas corpos. Somos olhares, sorrisos, falares, somos memórias, somos vidas, formadas pelas nossas vivências. Percebemos então que somos homens e mulheres, e que nos milhares de homens e mulheres existentes, o destino nos cruzou, por um motivo ainda não muito aparente….

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