quinta-feira, 26 de maio de 2016

Tudo começou com aquele olhar…

Deduzo que já nos conheciamos, por meros cruzares de corpos nas diversas ruas que percorremos. Senti essa primeira impressão, assim que te foquei mais do que os meros segundos, aleatórios e momentâneos, de passagens fugazes que certamente o destino nos proporcionou ao longo dos últimos tempos. Desconhecia-te, apesar de achar que te conhecia de algures. Tanto que até amigos em comum tínhamos, descobrimos depois. À primeira vista, falo daquela que tive quando cruzamos olhares por mais do que meros segundos, achei-te lindíssima. Deslumbrante. Tinhas de uma forma geral, tudo que me agradava, e de maneira particular tudo que me derretia. Curvas deliciosas, face de anjo. No entanto pensei imediatamente que fazias parte daquele grupo de mulheres que sempre evitei. Não digo que evitar seja neste ponto uma variável negativa, mas uma mulher como tu trazia compromissos e acontecimentos que certamente não estaria preparado para “viver. Contudo naquele dia estava extraordinariamente bem humorado. Acordei bem-disposto e pronto para vestir a minha melhor peça de roupa: o sorriso. Por isso, sorri assim que te vi e confesso que adorei o teu olhar decidido e afável como sempre quando chegavas. Vi que trazias aquele teu vestido colado, rabo redondo, perfeito. Decote na medida certa. Não resisti. Ver-te assim ali. Aproximei-me e senti o teu perfume. Mataste-me. Cheiro bom. Cabelo tratado. Olho brilhante. Ao encarares o meu olhar malandro não foste capaz de evitar um ligeiro sorriso comprometedor e ficas-te ligeiramente envergonhada. Ficaste sem jeito, sentiste um calafrio, sei que sim. Senti o mesmo. Disse-te para me deixares passar. Agradeci o teu movimento. Com ar de mulher decidida, sacana e envergonhada devolveste o sorriso… Fim da festa. Espaço começa a esvaziar. No fecho da noite, sozinho como era habitual aquela hora, desloco-me para ir embora. Contudo sinto o teu perfume e isso desconcentra-me e involuntariamente desloco o olhar para ti. Vejo-te avançar para mim, sem vergonha, sem hesitação. Arrastas-me contigo, para um aglomerado de carros, no parque do espaço. Tiras um casado curto, que certamente deixaste no cabide durante o evento e expões o teu vestido preto justo. Deixas que ele seja o cartão de visita para um corpo que se define por toda a exuberância que sabes que tem. Fiquei sem reação. Bloqueaste-me as ideias. Aproveitas-te da minha ausência de reação e como uma leoa e atacas. Ajoelhas-te à minha frente, de imediato fazes desaparecer o meu cinto e abres-me o fecho. Ao descobrires aquilo que certamente gostavas de sentir, semicerras e fazes um pequeno gemido, de mulher provocadora. Hum, gosto… - Dizes. Fazes o que queres após tirares o que querias para fora. Abocanhas-lo. Delicadamente. Ou com aumentos de ritmo. Sentes o tesão que me dás. Penso que sabes bem o que fazes. Levantas-te e permites-me que te toque. Acaricio-te. Já estás completamente molhada. Estimulo-te até que os teus gemidos, já se ouvem pelo parque. Não aguentamos mais. Sobes o vestido num só movimento e encaixas-te de num só movimento e com facilidade o movimento torna-se ritmado. Estás completamente molhada. Gememos em tons menores. Tornamos aquele momento de rebeldia só nosso. Cavalgas de olhos fechados enquanto te acaricio os seios. Perfeitos. Chupo os teus bicos. Estremeces e gemes bem alto. Reparas nos teus gritos e sorris com ar provocatório. Aproximas-te do clímax, tento controlar-me. A custo. Não aguento muito mais. Vejo o teu ar de safada. Notas que me estás a dar um tesão brutal. Sentes as minhas mãos a apertar-te com força. Cravas-me as unhas nas costas. Viras-te, montas-me desta vez mais forte. Dás o ritmo, enquanto te faço atingir mais um orgasmo. Alternas entre cavalgadas fortes e momentos de calmaria. Não controlo o desejo. Começo a ficar louco. Chegamos a mais um orgasmo, agora em momento sincronizado. Quase desfaleço, sinto os nossos corpos ainda a tremer. Não me controlo. Aperto-te para libertar a adrenalina e tesão do momento. Beijamo-nos com toda a força que toda a envolvência proporciona. Ergues-te. Ajeitas o vestido, olhas-me a sorrir diabolicamente. Prego-te um olhar de safado e sorrimos. Piscas-me o olho e retribuo-te. Ajeito a roupa. Mais um sorriso e mais um olhar de cumplicidade. Mais um beijo e despedimo-nos. Desaparecemos tao depressa, como chegamos aquele local. Viemos certamente os dois com o mesmo pensamento. Amanhã, ali ou noutro qualquer local, a dose de tesão seria para repetir. Descobrimos que merecíamos mais lições daquelas. Porque adoramos aprender um com o outro. E no caminho entre semáforos e arranques, viemos a pensar que com tudo o que podia acontecer, tudo começou com aquele olhar…